Banhada no metro do São Pedro

O São Pedro é, na minha opinião, a festa popular mais incrível das três que existem por esta altura. (Não fosse eu poveiro!).

Talvez por ser uma festa tão incrível é que, a cada ano que passa, há cada vez mais “não poveiros” a juntarem-se à alegria dos festejos. Desde que me lembro do São Pedro que tenho esta ideia, pese embora não tenha dados estatísticos que me permitam sustentar tal afirmação, perguntando a qualquer poveiro muito certamente que dirá o mesmo.

Acontece que, acabamos por ter um incremento no turismo neste dia, que cresce exponencialmente quando o São Pedro calha ao fim de semana, mas que leva a que estas pessoas se apaixonem por esta terra à beira-mar plantada e voltem! Aliás, tem havido, nos anos pré-pandemia, uma tentativa de aumentar o período festivo do São Pedro, o que leva a que o comércio local e a cidade agradeçam. Efetivamente esta realidade é do interesse da Póvoa, pois traz turismo e consequentemente dinheiro para o nosso concelho.

Daí que, é do interesse da Póvoa de Varzim que as pessoas tenham a possibilidade de se poderem deslocar neste belo dia de São Pedro ou pelo menos deveriam ter meios de transporte adequados à duração deste dia e desta noite.

Dito isto, deixando genericamente os parabéns a todos quantos participaram na organização das festividades da noitada de São Pedro que esteve com uma qualidade superior e uma alegria contagiante, quero aqui deixar o meu reparo a uma questão que não foi devidamente acautelada. O regresso a casa de quem nos visitou utilizando o metro causou péssima imagem à cidade, uma vez que o regresso de muitos dos visitantes transformou-se num pesadelo, arruinando a experiência positiva da festa.

Apesar do reforço anunciado de quatro viagens extra à 1h e às 1h30 no sentido Estádio do Dragão – Póvoa de Varzim e Póvoa de Varzim-Estádio do Dragão, a partir das 5h da manhã, perguntamo-nos, foi suficiente?

Aparentemente, durante o dia, foi passando em rodapé que haveria metro até às 02:00, sem especificar que seria num só sentido – como se verificou – (Estádio do Dragão – Póvoa de Varzim). Este facto induziu centenas de pessoas em erro, moradores da Maia, Matosinhos, Porto e outras que vieram até à Póvoa disfrutar do São Pedro e acabaram por ter que esperar pelo metro das 5.00 para regressar a casa.

Tal demonstra uma falta de sensibilidade para uma situação que a deficiente comunicação da Metro do Porto criou. Consequentemente os seguranças, que ouviram a maioria das reclamações presenciais, diziam às pessoas que o metro seguinte era às 05:00 e que para reclamar deveriam recorrer aos meios próprios.

Estamos a falar de pessoas idosas, crianças, jovens, grávidas, etc. que tiveram de ficar à chuva a partir das 2:30 da manhã. Aqui o problema não foi sobretudo causado por uma deficiente comunicação, mas sim, pela falta de planeamento.

Se todos pagamos o Metro do Porto com os nossos impostos, se todos utilizamos o metro (embora uns mais frequentemente que outros) qual o problema de haver metro durante toda a noite de São Pedro? O objetivo não é trazermos turismo? Não há cada vez mais um objetivo de recurso a transportes públicos? Uma vez que esta deve ser a noite mais caótica da mobilidade automóvel na nossa cidade e apesar do incremento de parques de estacionamento periféricos, o objetivo não é mesmo a redução da utilização de automóveis nos centros urbanos? 

Para que isso terá de haver condições! E para haver condições tem, sobretudo, de haver um bom planeamento e uma boa cooperação/coordenação entre instituições. A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim deveria ter articulado com a empresa Metro do Porto o prolongamento do horário de operação, principalmente quando é participante na sua estrutura societária, quer indiretamente através da Área Metropolitana do Porto, quer diretamente enquanto Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.